Apontando onde Pavel Durov errou com o Telegram
Pavel Durov, o cérebro por trás do Telegram, passou a última década desenvolvendo seu aplicativo como um lugar onde qualquer um poderia dizer qualquer coisa sem se preocupar com a censura do governo.
Ele orgulhosamente afirmou que “em alguns mercados, o Telegram é uma das poucas plataformas livres restantes onde as pessoas podem se expressar”, em uma entrevista no início deste ano.
Esta foi a primeira vez de Pavel entrevista em sete anos, onde ele se gabou de como manifestantes, ativistas de direitos humanos e refugiados recorreram ao Telegram como sua plataforma preferida.
Mas sua atitude descontraída em relação ao endurecimento das leis sobre empresas de tecnologia e a crescente preocupação com conteúdo prejudicial online o colocou em maus lençóis. Pavel disse confiantemente:
“Estamos confiantes de que podemos nos adaptar… Não esperamos nenhum desafio significativo no futuro.”
Bom, isso não envelheceu bem, não é?
Um defensor da liberdade de expressão ou uma ameaça à segurança?
Algumas pessoas previram isso a quilômetros de distância. Desde seu lançamento em 2013, o Telegram cresceu para um bilhão de usuários. Pavel até deu a entender que eles estavam se preparando para um grande IPO lucrativo. Mas muitos analistas de segurança online vêm soando alarmes há anos.
Eles argumentam que o Telegram se tornou um playground para criminosos, hackers e teóricos da conspiração que querem driblar as regras mais rígidas de plataformas como Facebook e YouTube.
Mas, como Squire destacou, a abordagem passiva do Telegram em relação à moderação de conteúdo “finalmente os pegou”. A atitude laissez-faire em relação a atividades ilegais na plataforma a tornou um refúgio para todos os tipos de negócios obscuros, desde atividades neonazistas até conspirações criminosas descaradas.
O envolvimento suspeito do Telegram em delitos criminais dentro das fronteiras francesas o colocou firmemente sob jurisdição francesa. As autoridades francesas se tornaram bastante adeptas à investigação de crimes cibernéticos, graças a uma unidade especializada conhecida como “J3” dentro do gabinete do promotor de Paris.
Esta unidade desempenhou um papel fundamental na investigação que decifrou o EncroChat, um sistema de comunicação secreto usado por criminosos organizados, levando a uma série de prisões em toda a Europa em 2020.
Agora, eles voltaram suas atenções para o Telegram. Uma das acusações que eles estão explorando é a recusa em cooperar com a polícia ao não entregar informações necessárias para interceptações legais.
No ano passado, o aplicativo foi banido temporariamente no Brasil por não responder às solicitações do governo de dados sobre atividades neonazistas.
Enquanto isso, Pavel vem recebendo o carinho de libertários e defensores da liberdade de expressão, como Elon Musk, que tem se manifestado contra a censura governamental.
A hashtag #freepavel está fazendo ondas no Elon’s X (antigo Twitter). Mas nem todo mundo concorda com a visão de Musk. Alguns no Vale do Silício argumentam que a França pode estar exagerando, potencialmente sufocando a inovação.
Outros acham que isso pode desencadear uma onda de mudanças na forma como as plataformas de mídia social operam.